Sofás, estantes e candeeiros. Móveis "vintage" obrigam a levantar cedo

Armazém no Poço do Bispo, em Lisboa, recebe, quatro vezes por ano, uma feira de garagem de maior dimensão. Clientes procuram artigos diferentes e estes vão de 1920 a 1970.
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São 10.00 de sábado e a venda de mobiliário vintage abriu há apenas meia hora, mas, à porta do armazém industrial localizado no Poço do Bispo, em Lisboa, está já a ser embalado um conjunto de cadeiras acabado de comprar, enquanto lá dentro várias peças têm já um proprietário atribuído. "Tem de se chegar cedo, a não ser que seja só para ver", sublinha Rita Carvalho, frequentadora habitual das feiras organizadas pelo Cantinho do Vintage, uma loja que nasceu online há cerca de três anos e que, quatro vezes por ano, organiza uma grande feira de garagem com produtos nacionais, alemães e dinamarqueses.

"Tem coisas muito giras, mas tem de se ter uma casa muito grande", comenta um casal ao dirigir-se para uns dos carros que ocupam o passeio da Avenida Infante Dom Henrique, perto dos antigos armazéns Abel Pereira da Fonseca. A observação não é surpreendente.

No interior da venda de mobiliário vintage - expressão utilizada para designar peças relativas às décadas de 1920 a 1970 -, há desde sofás a longas mesas de jantar, passando por estantes e cadeiras que poderiam ser de um qualquer teatro. Bicicletas, candeeiros, trenós, livros e telefones que atraem a atenção dos mais pequenos são outros dos artigos disponíveis e que podem ser entregues em casa. "São móveis diferentes", explica ao DN Nuno Correia, de 38 anos, frisando que, com a abertura de lojas de multinacionais, desapareceram em Lisboa - ao contrário do que acontece no Norte do país - os espaços com mobiliário próprio. "Da primeira vez, comprei um móvel para restaurar", recorda. Não é o único a fazê-lo. A prová-lo, a presença na feira de garagem de Elsa Santos, restauradora de móveis e marceneira de 42 anos. "As pessoas pedem conselhos, como é que hão de fazer para recuperar um móvel", conta. A colaborar com o Cantinho do Vintage desde outubro, destaca as perguntas sobre como pintar uma peça de madeira maciça como as mais estranhas. "É quase um crime. Já é tão raro haver coisas de madeira", sublinha.

Outras preferem que seja a própria marceneira a restaurar os móveis que acabaram de comprar ou que já tem em casa. "Eu faço orçamento e depois dizem se querem ou não", acrescenta, sem esconder que se trata de um trabalho que "já foi muito bem pago", mas que, hoje e à semelhança de outras profissões, não é. Nada que faça esmorecer o entusiasmo de estar presente num evento que considera "muito bem conseguido".

A organização é de Carlos Silva, que, ontem de manhã, se desdobrava em conversas e esclarecimentos a potenciais clientes. "Isto à tarde vai estar muito mais vazio", garantia.

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